Aguerra implacável dos Munduruku : elementos culturais e genéticos na caça aos inimigos
Abstract
As verdadeiras razões das guerras no mundo primitivo constituem uma questão que merece maior atenção dos estudiosos. Um motivo óbvio dessas guerras no mundo primitivo era a disputa pela exploração do meio ambiente, mas isso geralmente não ocorria entre os indígenas brasileiros, devido à vasta extensão territorial do país. Mesmo no caso dos guerreiros Munduruku, a “razão beligerante” da tribo permanece pouco explorada. O que mais se encontra são descrições dos ataques aos inimigos, do valor social atribuído aos guerreiros, do objetivo imediato da guerra - a caça às cabeças – e das festas em que essas peças eram enfeitadas tornando-se os mais valiosos troféus. Sua importância se devia ao fato de que, de acordo com as crenças indiígenas, elas propiciavam sucesso às atividades de caça, coleta e agricultura, tornando-se então necessárias ao bem estar da tribo. Nossa proposta é considerar a guerra como o elemento central da vida Munduruku, ou seja, a razão mesma de sua existência. Nessa atividade se ancoravam os valores culturais por excelência do grupo, bem como os elementos básicos da sua organização social. Independentemente de vinganças, de disputas ou de qualquer outro motivo “justo”, a guerra tinha que acontecer para os Munduruku: a vida da tribo dependia da morte dos inimigos e de suas valorizadas cabeças. Nossa hipótese é que uma explicação de base genética pode explicar mais coerentemente essa radical “necessidade” da guerra perpetrada pelos Munduruku. The fundamental reasons of war in the aboriginal world constitute a subject that deserves greater attention from anthropologists. One obvious reason of those wars was dispute over environmental exploitation, but that didn't usually happen among Brazilian natives because of the vast territory available to them. Even in the case of the Munduruku warriors, the reasons for belligerence of the tribe remain little explored. One usually finds descriptions of the attacks on enemies, of the warriors’ social value, of the immediate objective of the war – headhunting - and of the ceremonies in which the captured heads were decorated and became the most valuable trophies to be owned by warriors who took them home. Their importance was due to the fact that, according to the Indians’ belief, they propitiated success in hunting, gathering and agriculture, therefore becoming necessary to the well-being of the tribe. We propose to consider war as the central element of the Munduruku life, that is, the core reason of the tribe’s existence. War anchored the cultural values and social organization of the tribe. Independently of revenge, of disputes or of any other “just” cause, the war had to happen for the Munduruku: the life of the tribe depended on the enemies' death and on their valued heads. Our hypothesis is that an explanation of genetic basis can explain more coherently that radical "need" of the war perpetrated by Munduruku.
URI
https://hdl.handle.net/20.500.12219/1648http://www.ava.unam.edu.ar/images/11/pdf/ava11_07_leopoldi.pdf
Collections
- Revista Avá [323]